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16/05/2014

LG G Flex - O Smartphone com Tela Curva


Me sento em um restaurante. Coloco o LG G Flex em cima da mesa, ao lado de um Moto G e de um S4 mini. As pessoas sentam ao meu lado e começam a olhar "de canto de olho". Elas não resistem à curiosidade e logo me perguntam "O que aconteceu? Sentaram em cima?", Ele quebrou? Ainda funciona?"... Claro que não resisto e sempre invento alguma história de que alguém sentou em cima, que ele ficou exposto ao Sol e derreteu... Mas depois eu conto a verdade e explico que o LG G Flex é assim, tem a tela e o formato curvo!

As pessoas costumam ficar curiosas ao verem aparelhos novos, mas nunca vi uma reação como a que elas tem com o G Flex. Realmente é um aparelho que chama a atenção! Junto com o Galaxy Round, da Samsung, o LG G Flex é o primeiro aparelho a utilizar uma tela flexível e um design curvo. Porém, enquanto que o Galaxy Round foi lançado apenas na Coréia do Sul e com um número restrito de unidades, o G Flex conquistou o mundo, desembarcando inclusive no Brasil.
O G Flex e seu corpo curvo, acima do Galaxy Note 3
Mas, além do design, o G Flex é um bom aparelho? Ele não fica "sambando" em cima da mesa? Seu desempenho e duração de bateria compensam o investimento de 2600 reais? O Brasiligeeks esteve com o G Flex por duas semanas e conta a experiência que nós tivemos com o aparelho.

Design

Sem dúvidas nenhuma, o que mais chama a atenção no G Flex é o seu design. A LG se orgulha não só de ter criado uma tela flexível, mas de conseguir também criar uma bateria em formato curvo, para acompanhar o design do aparelho. E ela pode se orgulhar mesmo, pois é um feito e tanto de engenharia. O G Flex remete um pouco aos antigos aparelhos telefônicos, onde o fone tinha um formato curvo que o aproximava da boca e do ouvido. Segundo a LG, esse tipo de formato mantém mesmo o microfone mais próximo à boca, melhorando a recepção da voz.

Mas o formato curvo não é o único elemento de design do G Flex. Sua tela de 6 polegadas ocupa boa parte da área frontal, com bordas verticais praticamente inexistentes. Apenas o alto-falante para ligações, a
câmera frontal e o led de notificações dividem o espaço com a tela. Também não existem botões na frente e na lateral do aparelho. Todos ficam localizados na parte de trás, abaixo da câmera (volume +, volume - e liga/desliga).

Na traseira também estão o flash da câmera e o sensor de infravermelho. E no canto inferior está o alto-falante.
Câmera ao centro. À esq., sensor de infravermelho, à dir. o flash de led,
abaixo, os botões de volume e liga/desliga, que possui embutido
um led de notificações
O único elemento encontrado na lateral é a bandeja para o micro SIM, que é ejetado através de um adaptador que acompanha o aparelho.
Na lateral, apenas a bandeja para o micro SIM
E na parte de baixo está o conector micro USB 2.0, utilizado para conexão de dados e carregamento do G Flex. Ao lado está o conector P2, para fones-de-ouvido.
Saída p/ fone de ouvido fica na parte de baixo. Ao lado, o microfone e
o conector micro USB 2.0
Um detalhe bem interessante e inovador da tampa traseira do G Flex é que ela se regenera ao sofrer pequenos arranhões. E realmente funciona! Riscos leves causados por chaves, por exemplo, desaparecem após algumas horas. É um recurso que deveria vir em todos aparelhos. Mas infelizmente não existe milagre: se o risco for muito profundo, a função de regeneração não irá funcionar.
Tampa traseira: Visual elegante e auto-regeneração contra riscos leves. A
bateria não é removível
Enfim, o G Flex é um aparelho com design bastante inovador, mas também muito bonito. Seu vidro frontal espelhado nas bordas e sua tampa traseira passam a sensação de sobriedade e sofisticação, apesar da LG estar virando uma adepta do plástico igual à Samsung.

Tela

O LG G Flex possui uma tela curva de 6 polegadas. Ela utiliza a tecnologia P-OLED, uma variação do OLED com painel em plástico que, ao contrário do vidro, permite sua flexibilidade. Se não fosse pelo corpo rígido (plásticos, componentes, bateria, vidro frontal), seria realmente possível flexional a tela (como o bastão de um cotonete, por exemplo). Mesmo assim, o G Flex permite ser flexionado levemente sem quebrar. Na internet é comum encontrarmos vídeos onde o G Flex é pressionado até ficar reto, sem quebrar! Porém, esse não é um procedimento recomendado pelo fabricante.
Tela de 6 polegadas impede de alcançar as pontas com uma só mão
Apesar de toda a tecnologia inovadora utilizada, a tela não possui resolução full HD. Ela te "apenas" resolução HD, de 1280x720 pixels. Mas ainda assim, ele possui uma boa densidade de pixels, de 245 ppi. É uma tela muito boa, não há como negar, mas pelo preço do aparelho e pelo tamanho da tela, esperava-se que fosse full HD. Ao compará-la com aparelhos equivalentes e om telas full HD, como o Galaxy Note 3, nota-se que neste as imagens e letras são mais definidas. Sites como o mínimo de zoom são mais definidos no Note 3 do que no G-Flex. Mas pode ser que a tela HD tenha sido usada por se tratar de uma tecnologia nova e que no futuro a LG poderá usar painéis com uma resolução maior.



Algo bastante curioso é que em alguns momentos a tela exibe um pouco de "ruído". É difícil explicar sem ver pessoalmente, mas imagine alguns pontos aleatórios aparecendo discretamente na tela. Nota-se isso ao ligar a tela, após bastante tempo desligada, e mantê-la com pouco brilho. Mas é algo que se nota somente com muita atenção e não prejudica em nada o uso do aparelho.
Tela do G Flex (à esq.) comparada com a tela do Galaxy Note 3

Interface/ Sistema

O G Flex possui a mesma interface padrão da LG, encontrada em outros aparelhoscomo o G2 e o Optimus G Pro. Porém, ao contrário deles, que utiliza fundos de menu e opções brancos, o G Flex utiliza  a cor preta, como na interface padrão do Android. Somado ao tema padrão do G Flex, que possui ícones e pastas discretos e futuristas, a interface ficou muito mais bonita! Todos aqui do Brasiligeeks concordamos que a LG teria mais sucesso com sua interface se ela levasse o modelo do G Flex aos seus demais aparelhos.
Aplicativos QSlide

Em relação ao sistema, o G Flex vem com o Android instalado na versão 4.2 (Jelly Bean). Apesar das poucas diferenças em relação à última versão (4.4 - KitKat), o ideal é que o G Flex já viesse com a versão mais atualizada do Android, principalmente considerando que trata-se de um aparelho premium e com funções inovadoras. Acreditamos que a LG irá atualizar o Android do G Flex para a última versão, mas até o momento ela não se posicionou sobre o assunto , infelizmente, a LG ainda não tem a tradição de manter atualizados.

Usabilidade

Uma tela com tamanho tão grande pode prejudicar a usabilidade, mas a LG colocou bastante recursos que se aproveitam dessa área útil maior, além de truques que facilitam o manuseio com uma só mão, como um modo especial para o teclado e discador.
Tela de desbloqueio: visual exclusivo e suporte ao Knock On, onde basta
dois toques na tela para despertar o aparelho
Os aplicativos QSlide são mini apps que podem ser executados sobre a tela inicial ou mesmo outros apps. É possível redimensionar o tamanho da tela, mudar sua posição ou maximilizá-la, para ficar em tela cheia, através de um botão. E esse mesmo botão pode ser usado para deixar o app no formato janela novamente. Existe também uma barra que deixa o app em janela transparente, permitindo interagir com o app ou elemento que está abaixo dele. Os aplictivos QSlide podem ser executados à partir da barra de notificações e existem apps de navegador, telefone, mensagens, calculadora, email e calendário.

Um recurso novo (e que existe em seus concorrentes da Samsung) é o que divide dois apps na mesma tela. Apertanto o botão "voltar" por dois segundos abre uma lista de aplicativos que podem ser executados com a tela dividida. Você pode, por exemplo, dividir na mesma tela o app de Mapas e o Navegador, interagindo com os dois ao mesmo tempo. É possível usar esse recurso com  a tela na posição vertical ou horizontal e você consegue redimensionar essa tela, inverter a ordem dos apps ou adicionar outro aplicativo. Um recurso que essa função tem no G Flex, mas seus concorrentes ficam devendo, é a opção de maximizar um dos apps provisoriamente e com um toque no botão você retorna ao modo de janela. Em compensação, na concorrência é possível usar o mesmo app separadamente em duas janelas, algo que no G Flex não é possível.

Uma curiosidade no G Flex é que, enquanto outros aparelhos não possuem led de notificações, ele possui dois! Um frontal e outro traseiro, dentro do botão liga/ desliga. Inclusive as cores das notificações podem ser alteradas, facilitando o reconhecimento do app que está pedindo a sua atenção. Porém, algo que deve desagradar a muitos é o fato de que o led traseiro fica ligado durante uma chamada telefônica, uma função que não conseguimos desligar. É o fim daquele truque de fingir que está no telefone para evitar falar com alguém, pelo menos para quem conhece esse recurso.
Câmera frontal de 2,1MP, sensores de luminosidade e presença, led de
notificações e alto falante para ligações.
Um recurso bem legal do G Flex é o sensor de infravermelho, que permite controlar qualquer aparelho com esse tipo de sensor, como TV, DVD, Blu Ray e até Ar-Condicionado. Uma ideia interessante que a LG teve foi de mudar o local do sensor, que em outros aparelhos ficava na parte de cima, para a tampa traseira. Ao controlar o equipamento, através do programa que já vem pré-instalado, ficamos com o aparelho "em pé" e o controle é muito mais fácil. E o G3 também virá com o infravermelho posicionado desta forma. Tomara que outros fabricantes adotem esse formato.
Detalhe do sensor infravermelho bem posicionado, facilitando seu uso
Importante ressaltar que, mesmo com o design da tampa traseira curvo, o G Flex fica bem apoiado em cima de uma superfície plana. Você consegue usá-lo sem dificuldades e ele não fica balançando para um lado o outro, como aparenta.

Desempenho

Contando com um dos mais poderosos chipsets da atualidade, o Snapdragon 800 da Qualcomm, o desempenho do LG G Flex é excepcional. Hoje já existem soluções ainda mais poderosas, até mesmo da própria Qualcomm, mas o Snapdragon 800 é mais do que suficiente para rodar o sistema, games e apps mais pesados com uma boa folga.

A Tela P-OLED do G Flex lhe garante ótimos ângulos de visão, mesmo
quando a tela é colocada para os lados
O Snapdragon 800 é formado por um processador quad core Krait 400, com clock de 2,26GHz, e uma GPU gráfica Adreno 330. Além disso, o G Flex vêm com 2GB de memória RAM DDR3.
O Moto G (acima) tem um visual curvado, mas sua tela é plana. O G Flex
é um aparelho totalmente curvo
Nos benchmarks, o G Flex chegou a superar até mesmo o Galaxy Note 3 em alguns testes, que possui o mesmo chipset, mas com um clock um pouco superior e mais memória RAM.

O desempenho do aparelho foi exemplar. O Android roda fluido, o navegador é rápido, mesmo com muitas abas abertas. Jogos como Asphalt 8, GT Racig 2 e Dead Trigger 2 rodaram muito bem. É um aparelho que garantirá um bom desempenho por pelo menos mais dois anos.

Câmera

Após a excelente performance da câmera do LG G2, esperávamos no mínimo o mesmo resultado no G Flex. Talvez por isso ficamos um pouco decepcionados com o resultado. Não que a câmera do G Flex seja ruim. Muito pelo contrário, ele é ótima! Mas a câmera do G2 é melhor!
Foto tirada com o LG G Flex
Ao contrário do G2, a câmera do G Flex não possui estabilizador de imagem. Não sabemos se o sensor de imagem é o mesmo, já que ambas possuem 13MP, mas simplesmente as fotos do G Flex não atingiram o mesmo nível de qualidade. As imagens ficaram com uma aparência um pouco lavada.
Foto tirada com o LG G Flex

Repetimos: a câmera é ótima. Mas por ser um aparelho premium mais recente, esperávamos que o G Flex superasse o G2. Mas ele ainda substitui uma câmera compacta com facilidade, garantindo ótimas imagens.
Foto tirada com o LG G Flex

Já no quesito filmadora, não há do que reclamar. O G Flex filma em 1080p à 60 quadros por segundo (a maioria dos aparelhos que filmam em 1080p o fazem à 30 quadros). Inclusive ele vai ainda mais longe: consegue filmar na resolução 4K, estando já preparado para os dispositivos UHD.

Em um tempo onde se tornou popular registrar "selfies" (auto-retratos), os adeptos ficarão muito felizes com a câmera de 2,1MP do G Flex. Ela é suficiente para fotos muito boas, além de poder ser utilizada em vídeo chamadas. E mais, ela filma em até 1080p!
Foto tirada com o LG G Flex

Bateria

Com 3400 mAh (em alguns sites, dizem que é 3500 mAh), o G Flex oferece uma ótima autonomia de bateria. Em condições normais de uso, conseguimos ficar um dia e meio sem precisar recarregar o aparelho. Mesmo com uso mais intenso, dificilmente você irá encerrar o dia sem bateria no G Flex, apesar da tela grande e do aparelho utilizar o 4G.

Conclusão

O LG G Flex sem dúvida nenhuma é um aparelho elegante e inovador. O seu formato curvo chama a atenção logo à primeira vista e se parece com nenhum outro celular. E seu nome flex faz um pouco de sentido, não só pela sua tela, mas por permitir que seja flexionado levemente sem quebrar. Finalmente você pode deixar o celular no bolso de trás (se couber...) sem risco de quebrar caso se sente em uma cadeira. Mas esse não é seu único recurso inovador: sua traseira que se auto regenera com riscos leves é uma novidade muito bem-vinda e é algo que gostaria de ver em outros aparelhos.
LG G Flex ao lado do Galaxy Note 3, Moto G e Lumia 620
Se um aparelho com tela flexível é algo realmente útil, isso é algo difícil de dizer. O que podemos garantir é que esse visual não atrapalha em nada o seu uso. E que realmente é um aparelho que chama a atenção.

Porém, a inovação tem o seu preço. E aqui o Brasil, ele é de 2599 reais. Bastante salgado. Verdade que seu hardware é de ponta, mas é difícil imaginar que o seu irmão, o G2, pode ser encontrado por mais de 1000 reais a menos, com um hardware idêntico, tela full HD e somente sem a tela curva e a traseira que se auto-regenera.
Itens que acompanham o LG G Flex
Mas como a LG mesmo deu a entender, o G Flex está mais para um conceito do que um aparelho comercial. Ele é o tipo de aparelho que foi criado para mostrar a capacidade tecnológica da empresa, pra que a LG diga "eu consigo fazer um aparelho com tela curva". E a LG também está testando a receptividade desse formato. Se ela vender bem e ver que existe demanda, com certeza lançará novos aparelhos dessa categoria.

Não podemos negar que a LG foi audaciosa, pois realmente apostou no aparelho, lançando-o em vários países, inclusive no nosso. A Samsung, com seu equivalente Galaxy Round, mal disponibilizou seu aparelho na Coréia do Sul.
Fone de ouvido QuadBeat 2: bonito e com graves muito bons
Mas conceito ou não, o G Flex é um ótimo aparelho e que tem vendido até bem, pois já vimos algumas pessoas usando um. Mas seu preço ainda precisa cair bastante para que se torne um produto competitivo, como o próprio LG G2.

Hardware:

  • Tela P-OLED de 6 polegadas, 1280x720 (dens. 245 ppi)
  • Chipset Snapdragon 800
  • CPU quad core Krait 400, clock de 2,26GHz
  • GPU Adreno 330
  • 2GB de RAM
  • Câm. tras. 13MP, c/ auto foco e flash, filma em até 4K
  • Câm. frontal de 2,1MP, filma em até 1080p
  • 32GB de mem. interna, s/ slot micro SD
  • 4G Brasil, wi-fi b/g/n/ac, DLNA, wi-fi hotspot
  • Bluetooth 4.0, A-GPS, GLONASS
  • NFC, Infravermelho, rádio FM
  • Bateria de 3400 mAh (3500 mAh?)
  • Dimensões: 60.5 x 81.6 x 8.7 mm
  • Peso: 177 gramas

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